Antes eu escrevia muito. Tinha um caderno cheio de anotações, uma pasta no Drive com ideias soltas e o bloco de notas do celular com frases que vinham do nada, que eu registrava para no futuro se transformarem em um texto ou até uma legenda no Instagram. Escrever era uma forma de respirar, de me entender, de tornar o mundo um pouco mais leve.
Mas o tempo passou. Quando me dei conta, o último post aqui no blog foi em dezembro de 2023. Quase dois anos. Parece pouco, mas não é. Nesse período, vivi tanta coisa que daria para ter escrito vááários textos. Mudei de emprego, conheci pessoas novas, fiz amigos, vivi fases diferentes, cada uma com sua bagunça e seus aprendizados.
Até a yoga eu diminuí por causa da correria. Comecei a musculação, mas meio no automático, encaixando os treinos entre uma tarefa e outra. Foi um tempo cheio, rápido, quase sem pausas e sem férias.
E aí me pergunto: quando foi que a gente começou a correr tanto? Acordar correndo, trabalhar correndo, pensar correndo. A gente vai empilhando dias e deixando de lado as pequenas coisas que nos fazem bem: escrever, ler, respirar com calma.
Lembro de quando escrever era o meu “espaço seguro”. Eu sentava, abria o caderno/docs e as palavras vinham. Não era sobre meta, nem sobre produtividade. Era sobre sentir.
Recentemente comecei a ler O Caminho do Artista, da Julia Cameron, e estou gostando muito. Estou na primeira atividade do livro, as páginas matinais, e tem sido um exercício de reconexão. Escrever logo cedo, sem filtros e sem pressa, só para me ouvir de novo. É curioso como algo tão simples pode clarear tanto o pensamento.
Acho que este texto é um pouco sobre isso também. Sobre reaprender a andar devagar. Sobre dar espaço para a criação voltar a morar aqui dentro.
Talvez seja só o começo. Ou talvez seja só um retorno. De qualquer forma, é um bom recomeço.
